sábado, fevereiro 11, 2006

"Um Mundo que devora as Crianças" de Claire Brisset

Aconselho a leitura deste livro de Claire Brisset...

"Agredidas, famintas, exploradas em milhões de ateliers e fábricas, recrutadas por grupos armados, encerradas em bordéis – as crianças são mais espezinhadas do que nunca, num mundo que, no entanto, não pára de se maravilhar com o seu próprio progresso. Um mundo que as destrói tanto a norte como a sul do planeta. Este livro é simultaneamente um grito de indignação e uma chamada de atenção para os milhões de crianças que o nosso mundo devora."

«(…) A criança, rainha? Apenas aparentemente. Quantos indícios existirão, na pedagogia “moderna”, reveladores de uma violência sub-reptícia? E que dizer do modo ambivalente como é olhada esta faixa etária, objecto de tantos esforços no sentido de a “refrear”? Existirá algum tipo de continuidade entre o sadismo vulgar, na família, na escola e a violência mais crua? Certamente que não, porque a fronteira existe e impõe-se como uma barreira: a da passagem aos actos propriamente ditos.Mas essa fronteira é transponível, essa barreira não é impermeável e no que se refere às crianças, a violência domina, conscientemente ou não, de Norte a Sul do planeta. Porém, ao longo dos séculos foram-se levantando vozes poderosas preocupadas em estigmatizar as suas origens e reduzir os seus efeitos. Recordemo-nos, a propósito, de uma das mais célebres e mais sonantes, que foi a de Maria Montessori, a qual, no fim de uma longa existência totalmente consagrada a denunciar este escândalo, escrevia no seu último livro, redigido na Índia em 1949: “O mundo civilizado torna-se um imenso campo de concentração onde todos os homens que nascem são relegados e feitos escravos, diminuídos nos seus valores, alienados nos seus impulsos criativos, subtraídos dos estímulos vivificantes que cada homem tem direito a encontrar entre os que [o] amam.” (…)»
(Excerto da Introdução)
 
 
 

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